Asta ac pellege
Certo dia pelos idos do ano passado, eu, entediado com Virgílio, vaguei na biblioteca da FFLCH e vi os Remains of Old Latin da Loeb Library, peguei-o, abri em página aleatória, e li. (Para ser exato, é a inscrição em Carmina Latina Epigraphica 52 = Corpus Inscriptionum Latinarum 12.2211). E lá a transcrição de uma lápide… pedras falavam à época, e esta era bem mandona:
hospes quod deico paullum est asta ac pellege
heic est sepulcrum hau pulcrum pulcrai feminae
nomen parentes nominarunt Claudiam
suom mareitom corde deilexit souo
gnatos duos creauit horunc alterum
in terra linquit alium sub terra locat
sermone lepido tum autem incessu commodo
domum seruauit lanam fecit dixi abei
Estranho, o que digo é pouco: fica e tudo lê.
Aqui o sepulcro não pulcro de pulcra mulher.
O nome os pais deram Cláudia.
Amou seu marido com todo seu coração.
Teve dois filhos, um deles
deixa sobre a terra, o outro deixou sob ela.
De fala agradável e também de bons modos.
Cuidou da casa, fez lã. Tenho dito, [agora] vai.
E foi o que fiz: li tudo, deixei o livro lá, e fui embora.
2022-06-11
. Esse tipo de inscrição que interpela o leitor chama-se
titulus loquens, ‘inscrição falante’, sobre que mais se pode ler;
a expressão se encontra mais no plural, tituli loquentes.